
Tolstoi cita alguns historiadores (que estudaram Napoleão e o vislumbraram como um herói, um gênio) os quais julgaram o avanço das tropas francesas até Moscou como um engenhoso plano elaborado por Bonaparte. Em contrapartida, os historiadores que conclamaram as façanhas russas, retrataram o deslocamento do imperador Francês até Moscou como um plano muito bem articulado pelo Ministro da Guerra russo, realizado com incrível antecedência, a fim de aniquilar as tropas francesas.
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O autor, em contrapartida, não toma nenhuma das opiniões como verdadeira e afirma que o ingresso das tropas francesas na Rússia se deu graças a debandada das tropas russas, cujo exército, por circunstâncias alheias à vontade dos generais, acabou se repartindo em dois e abrindo caminho para o inimigo ingressar. Napoleão apenas seguiu em frente, ao passo que os russos foram recuando, dada a sua inferioridade bélica. Certamente a França ganharia.
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Um fato chamou minha atenção: a comuna russa (formada pelos camponeses, que não passavam de meros escravos no “feudalismo” russo) chegou a apoiar os franceses, os quais enviavam manifestos (não necessariamente verdadeiros) afirmando que jamais tocariam em suas casas, no trigo ou no feno se lá permanecessem. Ainda mais, pagariam por tudo aquilo que lhes fosse tomado, diversamente do exército russo, adepto à pilhagem. Observa-se o regime de escravidão enfrentado pelos camponeses, rapidamente mencionados no livro de Tolstoi, mostrando o autor que, na época dos fatos, nem eram vistos como gente.
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Muitos podem não gostar do movimento comunista russo e sabe-se, acima de tudo, que jamais atingiu o fim almejado, mas vislumbrando a vida indigna dos camponeses na época, propriedade de seus senhores, sujeitos, inclusive, a trabalhos perpétuos na Sibéria, percebe-se que a luta pela tão desejada igualdade não foi sem propósito.
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Bom...voltado ao livro...estou num momento em que a Rússia encontra-se em apuros, com os franceses em seu território e um exército em total desespero. Percebo, também, que algumas cidades foram incendiadas para evitar que os franceses dela se aproveitassem, gerando a ruína de muitos.
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Apesar do descontentamento da população russa e da notória força do exército francês, um fato jamais previsto por nenhum imperador ou ministro de guerra e alheio ao conhecimento de todos veio ao encontro dos anseios russos: o inverno. É engaçado observar que um caso de força maior, alheia a vontade humana, fez com que a história tomasse rumos diversos.
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A natureza venceu, pode-se dizer.
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Pois é...apesar de algumas vezes estarmos com tudo planejado, inevitavelmente casos fortuitos e de força maior barram o nosso planejamento... Tive que conviver com algo semelhante essa semana. O jeito é esperar que as coisas se ajustem, porque apesar de possuirmos uma gama incrível de poderes em mãos, determinados fatos escapam dos nossos dedos... (mas isto não impede a minha chateação).
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No final, Tolstoi tem razão...